terça-feira, 26 de junho de 2007

Notícia JN - Entrevista de Ribeiro


Ribeiro inicia nova vida - "Que subam o Rio Ave e o Beira-Mar" - Ribeiro deixa o clube do coração, o Beira-Mar, e ruma a Vila do Conde


Pedro Ribeiro fechou um ciclo de 19 anos no Beira-Mar. "Uma vida", assume o jogador, nado e criado em Aveiro, há 28 anos, que não esconde os sentimentos distintos que ainda o invadem depois de tomada a decisão, há mais de uma semana, de assinar pelo Rio Ave, por dois anos. "Os primeiros dias foram difíceis de ultrapassar, mas o desafio de jogar num clube com grande tradição, como o Rio Ave, acabou por tornar mais fácil a mudança. Tenho muita vontade de ajudar o clube a regressar à Liga".

Numa esplanada ao lado da casa da avó onde foi criado, no típico bairro da Beira Mar, o lateral direito desfiou as memórias e assumiu que a chegada à equipa sénior foi o "concretizar de um sonho". Um sonho que tinha desde que, aos nove anos, entrou no clube, onde, por ser pequeno e franzino, lhe chamavam "Canina". "Comecei a jogar no escalão de escolas, sempre com a ambição de alcançar a primeira equipa. Mas sabia que seria muito difícil, pois, ao longo dos anos, os exemplos de sucesso eram reduzidos", disse.

Por isso, um dos dias que mais recorda na carreira é o da primeira chamada aos seniores "Ainda era júnior e surgiu essa oportunidade, era António Sousa o treinador. Nesse dia, as emoções foram complicadas de gerir, mas correu tudo bem. Outro dia marcante foi o da assinatura do contrato. Nessa altura, eu e o meu pai decidimos que seria profissional de futebol. Felizmente correu bem".

A participação na Taça UEFA, frente ao Vitesse (Holanda), única presença do clube nas provas europeias, e a vitória na inauguração do Estádio da Luz, onde foi "titular e capitão", marcam um percurso com altos e baixos.

Na época passada, o Beira-Mar desceu à Liga de Honra e Ribeiro foi pouco utilizado. Não disfarça o incómodo da situação, mas garante que sempre soube "colocar à frente os interesses da equipa", em detrimento dos "pessoais", até porque o estatuto de jogador "da casa" e com "mais anos no plantel" colocavam-no na primeira linha de análise dos adeptos. "Ao longo dos anos, na maioria das vezes, os sócios tiveram palavras simpáticas para comigo, mas quando as coisas não corriam bem, eu era sempre um dos alvos mais fáceis de atacar, o que também custa", afirmou.

A descida deixou marcas. Assume a quota-parte das culpas e admite que tudo foi muito confuso. "Esta época não tem explicação. Foi esquisita. Acreditámos até à última jornada que seria possível a salvação, mas fomos falhando todas as oportunidades que tivemos e acabámos por descer", referiu

A saída do Beira-Mar foi pacífica. Em fim de contrato, esperou por uma proposta para renovar. O tempo foi passando e só no limite, quando o acordo com o Rio Ave estava quase feito, o Beira-Mar mostrou vontade em mantê-lo. "A proposta que me fizeram não foi a melhor e decidi o que era melhor para mim. Apesar de tudo, estou muito satisfeito com a opção tomada", concluiu.

O contrato com o Rio Ave tem a duração de duas épocas, que Ribeiro ambiciona cumprir como titular. "Vou, como sempre fiz, trabalhar muito para conseguir jogar e contribuir para a concretização dos objectivos do clube". A época passada o Rio Ave falhou por pouco o regresso à Liga, ultrapassado por Leixões e Guimarães nas últimas jornadas. A estrutura da equipa mantém-se, tal como o técnico, João Eusébio. Daí estarem reunidas "todas as condições" para lutar "pela subida de divisão". E quando jogar com o Beira-Mar? "Passei 19 anos em Aveiro mas sou profissional. No fim do campeonato, espero que o Rio Ave suba em primeiro lugar e depois o Beira-Mar. Mas, fundamentalmente, quero ter sucesso num clube de grande qualidade".


texto Alexandre Silva e foto Nuno Alegria (JN)


http://jn.sapo.pt/2007/06/24/desporto/ribeiro_inicia_nova_vida.html

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